terça-feira, 3 de abril de 2012

Minha infância

       Sempre estive envolvida com a arte desde a mais tenra infância. Nasci em uma família em que quase todos tinham uma forte ligação com a arte: meu avô paterno desenhava muito bem, criava personagens para suas histórias, fazia esculturas com galhos de árvore, aranhas de arame e veludo, baratas de rolha e pintava paisagens lindas, algumas reais outras saídas de seu imaginário. Meu pai foi um ótimo desenhista, além de tocar muito bem violão e ser um admirador da mitologia. Seus irmãos também foram músicos, minha avó paterna foi “contadora de causos” e minha avó materna uma maravilhosa contadora de contos de fadas e artista plástica nata. Vivi, portanto, minha primeira infância envolvida com arte por todos os lados.
       Quando fiz cinco anos fui morar em um bairro onde havia muitos “barrancos” cheios de uma argila roxa, que para mim era um grande tesouro. Passava muitas horas ali tirando o barro e confeccionando panelinhas, bonecos, enfim criando meus brinquedos. Muitas vezes espalhava aquela argila pelo rosto e esperava secar me divertindo muito com o efeito causado.
       Nesta mesma época minha avó materna veio morar conosco e além das histórias orais que ela guardava em sua memória, trouxe também uma criatividade magnífica. Assim tive acesso a muitos materiais artísticos. Minha infância foi rica em experiências, pois eu viajava entre panos, tintas, sementes, barro, algodão, pinhas, arames e lãs, pois tudo que passava pelas suas mãos de minha avó se tornavam maravilhas. Eu passava tardes sem fim em meio às latas de botões, pedrinhas coloridas, tecidos delicados, que nas mãos de fada da minha avó viravam colchas, bonecas de pano, colares, cisnes, tartaruguinhas, sapos e uma infinidade de coisas.  Eu necessitaria de páginas sem fim para descrever tudo o que vi saindo de uma máquina de costura e da cabeça daquela fada de cabelos grisalhos e rosto amigo.

       Todo esse envolvimento com a arte continuou me encantando pela vida, porém nenhuma influência foi mais marcante para mim do que as histórias ouvidas
    Todas as noites de minha infância eu ia para outra dimensão quando minha avó materna dizia “Era uma vez...”, e, lá, eu vivia enquanto a história não acabava. Era um mundo de lobos, fadas, princesas, bruxas, anões e seres encantados; geralmente eu dormia neste mundo e só no dia seguinte voltava à realidade. Lembro-me com carinho desta fase de minha vida, cresci ouvindo contos de todos os tipos: fadas, maravilhosos, folclóricos, além de “causos”.
   
 Além das histórias orais, também tive acesso a muitos livros de literatura infantil, mitologia entre outros. Minha infância foi rica em experiências, pois eu viajava com aquelas histórias maravilhosas em minhas mãos, passava tardes sem fim em uma espreguiçadeira, na casa de meus avós paternos, encantada com o conteúdo daqueles livros. Era como se eu fosse uma personagem e estivesse atuando com as demais.

    Foram anos incríveis em que essas histórias povoaram minha mente, fazendo-me sonhar e viajar por mundos imaginários, cheios de fantasias e sensações indescritíveis que só podem ser explicadas quando se é criança. Trago esses sentimentos até hoje comigo. Através dessas aventuras, aprendi a amar a leitura adquirindo, ainda, uma certa facilidade para escrever.

    Minhas avós já estão vivendo em outra dimensão num imenso mundo de fantasia, mas uma grande parcela delas ficou comigo e é por isso que os contos até hoje me fascinam. Meus filhos foram introduzidos neste mundo de magia também, desta vez por mim. Hoje, são rapazes, porém demonstram ainda gostarem dessas histórias. Apresento, também, este mundo a meus alunos e posso notar em suas faces o mesmo fascínio que já foi meu.

    Trabalho na Educação Infantil e sinto que as crianças que ouvem histórias sentem-se mais seguras para ler e escrever, pois estão acostumadas a exercitar o pensamento imaginativo.

Tentar

Bem, algumas pessoas acham que eu deveria escrever, pois tenho boas histórias.... Já pensei nisso algumas vezes, vou começar por aqui, quem sabe uma horinha eu me anime e faça um livro, mas por enquanto vou fazendo aqui um relato de coisas interessantes que vivi.